quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Há mar e mar. Há ir e ficar.

Assim como quem não quer a coisa, tropecei num texto que publiquei no meu blogue pessoal, em 7/9/2009.
Publiquei o post a propósito dum conterrâneo, companheiro, camarada e amigo, o Necas Caldeira, com quem um dia tropecei no Tôto, íamos nós para a 1ª intervenção das várias que fizemos na zona da Serra da Mucaba, onde se dizia que mandava a FNLA.
Sabe bem recordá-lo. 
Para partilhar esse sabor agridoce, basta clicarem AQUI.
Se preferirem, cliclem na imagem da MG42 que montámos num dos unimogues especiais da gloriosa e inesquecível CART 3564:

sábado, 7 de novembro de 2015

As formigas do acampamento

Das várias “acções” que fizemos na zona do “Mabebe” esta é recordada com uma particularidade muito especial.
Saímos bastante cedo do “Aquartelamento” e andámos, andámos; a parte da manhã e grande parte da tarde desse dia decorreu dentro daquilo que se pode considerar perfeitamente normal.
Já a tarde ia bem avançada quando o nosso “guia” avisou, fazendo gestos para não se fazer barulho, dizendo de forma quase inaudível que haveria alguém por perto.
Prosseguimos a caminhada, agora de forma mais lenta, evitando comprometer a nossa presença.
Sentimos o cheiro a fumo, ouvimos capinar. Redobrámos de cuidados, caminhando ainda mais lentamente, e evitando fazer todo e qualquer ruído por mais pequeno que fosse, já que “eles” estariam próximos. Ouvíamos mesmo já vozes. A aproximação continuou de forma tão lenta e sem o mais leve ruído que não fomos detectados.
Foi feito o envolvimento…
Quando deram por nós não tinham sequer hipótese de fuga. E nem sequer a tentaram…
Eram elementos da população, sem qualquer arma de fogo. Formavam um pequeno grupo que errava pela mata.(1) Possuíam apenas algumas “catanas”, catanas que não lhes foram sequer tiradas.
Passada a primeira fase de alguma perturbação, nós e eles de nervos ligeiramente alterados, mas em que tentámos fazer-lhes perceber que não lhes íamos fazer nenhum mal, a acalmia foi-se instalando…
Ràpidamente a noite caíu. Comemos. E distribuímos grande parte das latas da “ração de combate” aos elementos do grupo que mataram a fome como talvez desde há muito não o faziam. Também isto contribuiu para fortalecer a confiança.
A escuridão apenas não era total devido às labaredas das várias fogueiras que entretanto se reacenderam e que iam sendo progressivamente alimentadas com os ramos que o grupo anteriormente já cortara… e, logo que foi decidido pernoitar no local, esses montes de ramos foram aumentados.
O teor da conversa acabou por pôr completamente á vontade o grupo. Já tinham ouvido falar do “Mazumbo” (2), sabiam que lá teriam uma vida de longe melhor que aquela que tinham tido até então, se nos quisessem acompanhar – coisa que nem puseram em causa. E sossegaram.
Também nós nos sentimos melhor. Sabíamos que não era necessário mudar de local para pernoitar. Aliás, nem era sequer já oportuno.
O cansaço começou, pouco e pouco, a fazer efeito; o sono obrigou-nos a procurar sítio onde estender o corpo. As noites são compridas e a cama não é propriamente agradável…
Nem a continuação da conversa dos que persistiam em mantê-la perturbava o sono dos que já descansavam. Mas a conversa acabou por ir decaindo…
Eis senão quando, mexida aqui, mudança de local ali, uma coçadela acolá, algo nos perturbava. Em todas as partes dos nossos corpos sentíamos bichos a andar, a morder-nos… Foi um alvoroço!
Lá se aproxima um do lume e sacode a camisa. Logo outro o imita…
As formigas obrigaram-nos, praticamente a todos, a acordar, a coçar, a levantar e a aproximar-nos das labaredas.
Sacudimos as camisas, as calças, as cuecas, as meias para o lume; o resto da noite foi passado nisto.
Felizmente as fogueiras tinham ficado acesas. Ainda bem que havia suficientes ramos cortados que permitiram manter as fogueiras acesas até que irrompeu a madrugada.

E logo que foi possível prosseguimos o andamento até á “picada” onde, nesse mesmo dia, fomos recolhidos.

[ocorrência em Nov72]
João Leal Póvoa
*
- Notas do editor: 
(1) As pessoas que erravam pela mata diziam que viviam no “lumpenismo”.
Fantástico! A expressão só pode derivar de “lumpemproletariado” (lumpem, pessoa desprezível, em farrapos), também conhecido na linguagem marxista por subproletariado.
(2) O Mazumbo era uma aldeia que ajudámos a reconstruir e onde se iam instalando as populações e guerrilheiros que se apresentavam ou eram capturados. Connosco, a população atingiu centenas de habitantes, que tínhamos o cuidado de alimentar, mas que se foram dedicando à cultura do milho e do café após desmatarem os campos abandonados no início da guerra, produtos que comercializavam no Úcua ou no Caxito, para o que lhes fornecíamos transporte à borla.
Improvisei no Mazumbo uma escola primária para os alunos que já vinham da escolaridade fornecida nos acampamentos do MPLA. 
Não estive pelos ajustes e mandei as regras de segurança às malvas: convidei para professor a pessoa que já tinha sido professor num daqueles acampamentos e que havia sido capturada numa operação (ou apresentou-se, não recordo). 
Após a incredulidade inicial, quando percebeu que eu falava a sério, agradeceu-me com as mãos juntas, em jeito de prece. 
Ficámos muito amigos. Eu tratava-o por “Senhor Professor” e ele por “Senhor (ou "nosso") Alfero” e dava-lhe o apoio que os nossos escassos recursos permitiam, já que o bêbado do chefe de posto do Úcua e o merdoso do Movimento Nacional Feminino, esses, cagaram na iniciativa.

Nota especial sobre o autor do post

O Póvoa era Furriel do 1º Grupo de Combate (GC), comandado por mim, Alferes Santos.
O Póvoa sempre foi (e continua a ser) particularmente organizado e metódico. E um camarada muito leal, não se chame ele João Leal Póvoa. Foi sempre o meu melhor braço direito, a quem tantas vezes recorri para o que quer que fosse, mesmo quando a missão era difícil ou parecia impossível.
A ele se devem textos e vídeos que ficarão para a história. Um deles é a história em verso da CART 3564 – Os Furões, documento que segue de perto a História Oficial da Companhia.
Sem o Leal Póvoa, a CART 3564 nunca seria a grande Companhia que foi, é e será sempre: a alma mater dos 169 bravos da Companhia, incluindo 41 atiradores angolanos do “recrutamento do Estado”, designado “Grupo de Mesclagem”.
O 1º GC preparando-se para mais uma operação. No 1º plano do grupo em briefing, o Póvoa. Logo a seguir, meio encoberto, o alferes Santos a dar instruções aos bravos.

A CART 3564 foi, de longe, a melhor e mais prestigiada companhia de tropa comum, ou fandanga, como se dizia, que passou por Angola entre 1972 e 74.

Com exceção, claro, das unidades especiais: Páras, Comandos, Fuzileiros Especiais (Fusos) e unidades especiais compostas de antigos guerrilheiros (Grupos Especiais, conhecidos por GE’s ou TE’s, estes em Cabinda), a par dos famosos e combativos “Flexas”, ex-guerrilheiros criados e enquadrados pela PIDE/DGS e ainda as Unidades a Cavalo, os Dragões de Angola, criados no leste e que mantêm uma página no facebook, a ver clicando AQUI
Também havia unidades compostas por antigos catangueses, os “Catangas” e até por refugiados zambianos (“Leais Zambianos” ou “Leais”. Mas do que me foi dado perceber, de “especiais” teriam pouco, limitando-se a defender interesses étnicos ou de grupo.
Desde 1962 havia ainda as milícias da OPVDCA (Organização Provincial de Vigilância e Defesa Civil de Angola), algumas compostas só por mulheres.

Milícias da OPVDCA do Dambi/Quitexe, em Nov.73, com uma mulher e filha capturadas numa operação nossa, de assalto ao "Q Aldeia" dos cães da FNLA. A operação merecia fazer parte dos melhores manuais de contra-guerrilha. Lembras-te, furriel Santos, O Grande, do 4º GC? 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A célebre operação Raio 10 - Fev.1973

Coube-me comandar a célebre "Operação Raio 10", que narrei em 14/3/2009 no meu blogue pessoal e cuja leitura prévia se recomenda para melhor conhecimento da aberração que foi a estratégia dos altos comandos militares do Comando-Chefe das Forças Armadas de Angola, de quem os Furões dependiam diretamente como companhia de intervenção de reserva.


Aberração, porquê? 
Ontem, como hoje, os "altos comandos" são fáceis de identificar: carregam o peito e o ombro de divisas, estrelinhas douradas e bué de medalhas e outros sinais exteriores de sapiência e mérito militar, pavoneiam-se com ar muito emproado, todos muito convencidos de que são os senhores da guerra e que de tudo sabem a partir da vasta experiência adquirida ao longo dos anos...nos seus bonitos gabinetes inundados de mapas e mapinhas polvilhados de setas e outros pontos de referência da mais alta relevância militar.


Observei esta fauna e dela sou testemunha presencial quando comandei interinamente a companhia durante cerca de 3 meses e tinha de me deslocar ao bonito forte de Luanda onde estava a sede do Comando-Chefe, pois era ali que os comandantes de companhia iam receber as diretivas em briefings militares rumo à vitória hasta siempre, comandante.

A malfadada operação foi executada a partir da nossa 1ª base táctica, situada no buraco do Bom Jesus (de Úcua), onde a CART3564 permaneceu durante os primeiros 10 dos 26 meses de comissão, entre 16 de Junho de 1972 e 23 de Abril de 1973.
[quartel do Bom Jesus, visto do cimo do morro da Sanga, 
que várias vezes trepámos a pulso e sob grande esforço]

A operação realizou-se com o recurso a 3 helicópteros de assalto + 1 e desenrolou-se em 2 fases:
1ª fase, de 1 a 5 de fev.73: largada de sucessivas secções de 5 homens armados até aos dentes, num local pré-determinado pelo sapiente major do Comando-Chefe, que veio da capital à grande e à francesa, num enorme heli Puma.  
O local da largada situava-se na zona do acampamento "N'gongoto" [pertencente à Zona III da I Região Político Militar do MPLA], tendo-se iniciado com o lançamento duma 1ª vaga de 3 helis Alouettes III, protegidos pelo 4º heli, conhecido por "lobo mau", por estar munido duma maravilhosa máquina de costura montada na sua parte lateral esquerda/bombordo e cujo objetivo era dar proteção ao lançamento das vagas de assalto.

(sobre o lobo mau, ir AQUI)

Falo em 2 vagas de lançamentos porque foram 30 os bravos atirados às feras. Como cada alouette transportava uma secção de 5 homens armados até aos dentes, temos: 5 x 3 helis x 2 vagas.
- 2ª fase, de 5 a 9/2/73, que se desenrolou na que chamávamos e conhecíamos como zona das lagoas.
(largada na operação lagoas)

Como não poderia deixar de ser, a célebre e malfadada operação raio 10, que eu, felizmente, comandei (fui no 1º heli e logo após tirei a foto supra), ficou bem registada, quer na história da CART3564 - Os Furões, sobretudo a escrita em verso pelo nosso camarada e companheiro João Leal Póvoa, ex-furriel miliciano do 1º Grupo de Combate (1º GC, o meu), quer num dos vídeos que ele editou  e que será ou já foi, como os demais, publicado neste blogue.
A operação foi um fiasco e a razão foi simples: o 4º heli, cuja missão era ir voando em círculo em proteção dos demais helis, pôs o lobo mau a despejar metralha cá para abaixo na zona de largada, supostamente por ter detetado elementos armados do perigoso IN (sigla para inimigo).
A malta do MPLA não era lorpa e pôs-se ao fresco, de modo que, durante os 4 malfadados dias que a desgastante operação durou, nem vê-los ao longe para lhes acenar e aproveitar para ouvir os piropos do costume: vão pró Puto (Portugal) seus isto, seus aquilo, que esta terra é a nossa Pátria!
Razão não lhes faltava, como sempre propagandeei junto dos meus bravos, doesse a quem doesse, a ponto de ter recebido a mal disfarçada visita no Bom Jesus do chefe do posto da PIDE/DGS do Caxito, por sinal um tipo sensato, que percebeu que não tinha por onde me pegar, mesmo que estivesse farto de conhecer o meu "currículo" dos tempos de Coimbra/1969. 
Numa conversa a dois que jamais esquecerei, disse-lhe o que pensava, sem medo, que um ranger só tem medo de morrer na praia.
Aproveito para dizer que nunca tive o prazer de conhecer um operacional a sério que fosse defensor da "gloriosa Pátria, minha amada"...

Voltando à operação gizada pelos altos comandos armados em chefes:
Ao 2º dia, sempre metidos na água e na lama (1ª foto, supra, tirada  durante a operação), vampirizados pelos mosquitos e sem pregar olho, pedimos a nossa evacuação por heli.
Mandaram-nos borrifar, pelo que tivemos de percorrer alguns 100km a pé até chegarmos ao nosso aquartelamento do Bom Jesus, completamente estoirados, ensopados até aos ossos pelas chuvas constantes e torrenciais, entremeadas por um sol abrasador, com o corpo e o camuflado a tresandar a bafio e a toda a merda por onde o nosso corpo se arrastou.
Ao fim dos 4 dias, tirados os sapatos de lona de cano alto, os pés eram uma chaga, a pele branca como a cal, enrugada, cortada e hipersensível, a fazer lembrar um cadáver na água ao fim de dias. 
A enfermaria do camarada furriel Pereira nunca teve tantos utentes à espera.
Devem ter bebido nesta fonte histórica os sucessivos ministros da saúde do Portugal de Abril e os patrões do atual SNS...

Concluindo:
Ficou para a história da nossa querida Companhia Independente uma operação concebida por quem sabia muito...a partir do ar condicionado do Comando-Chefe de Luanda. Sabia tanto, que se esteve nas tintas para os repetidos avisos deste alfereszito de meia tigela.

Ontem, como hoje: 
Manda quem pode, quer e sabe (nada).

Ontem como hoje:
Filhos da puta!, como gritavam de raiva e revolta os meus bravos.
Houve até quem quisesse disparar sobre um avião de reconhecimento que lá apareceu (Dornier DO27) para nos indicar o caminho de regresso. 
Como se a malta não soubesse o caminho, já que o comandante das operações levava sempre consigo o GPS da época: uma carta militar da zona e uma bússola de azimutes.
E sentido de orientação, que na mata não há pontos de referência, nem uns bares com umas bejecas frescas ao virar da esquina. Nem umas gajas de minissaia a pedir boleia...

Rais parta a Operação Raio 10!
____

- P.S. (salvo seja): Lembro aqui o que o saudoso e íntegro Capitão Salgueiro Maia nunca se cansou de lembrar até morrer: o 25 de Abril não chegou a muitos nichos e tabus da vida civil e militar e os privilégios das castas, longe de terem desaparecido, multiplicaram-se como no célebre milagre bíblico, que isto de democracia é como o sol: quando nasce é para todos, incluindo a canzoada dos burocratas, carreiristas e outros pilares do regime.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Bom Jesus (Úcua) - 42 anos depois


42 anos depois, a fotografia aérea por satélite dá-nos esta visão do 
aquartelamento do Bom Jesus e arredores.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Faz hoje 42 anos que nos levaram para a guerra...

....mas nós sempre fomos
e continuaremos a ser
gente de paz
amigos
companheiros
camaradas
irmãos.
*


Em homenagem aos tantos camaradas 
que perdemos numa guerra inútil, 
aqui vos deixo este poema dum grande amigo, 
que também passou "férias" em África:


*
- Carlos Luzio, Pescador de Sonhos, ex-alferes miliciano em Moçambique, meu conterrâneo e Amigo de sempre, que não quis morrer lá longe e acabou por se ir embora de aqui tão perto.
Guardo do tempo em que o Carlitos atracou em Mocímboa do Rovuma (setembro de 1970) uma preciosa coleção de cartas, sobretudo em forma dos célebres "bate estradas"... 


...que ele me ia enviando do endereço postal militar (SPM), cujo código servia para impedir que o tenebroso inimigo soubesse onde a malta estava a derramar a juventude.
Num rasgo único de fidelidade à Pátria e aos segredos militares, o Carlitos identificava-se assim no remetente:
Silvestre Rojo Sommell
Alferes Miliciano
SPM 1904

Acredito piamente que foi esse disfarce que o safou da merda que era levar com uma mina nos tomates.
Chegado a Mocímboa do Rovuma, na fronteira com a Tanzânia, onde todos os dias cheirava a pólvora, emboscadas e minas, este nosso camarada e companheiro ajudou a construir o acampamento militar:
"Parece um circo, um autêntico circo. 
Barracas de lona, luz eléctrica e palhaços, muitos palhaços, 
a começarem pelo capitão."

O meu grande Amigo de toda a vida foi de abalada em 27/9/2005, que a guerra da vida não quis a paz com ele.
Pouco depois da sua morte, um grupo de Amigos (Emília Aires, Milton Costa, Óscar Santos e Sérgio M. Ferreira) lembrou em livro os poemas do Pescador de Sonhos, o que  todos fizemos

quarta-feira, 28 de maio de 2014

BOM JESUS DE ÚCUA: 1ª parte da Comissão em Angola


A CARTª 3564 esteve aquartelada no buraco do Bom Jesus entre 16/Jun72 e 15 (1º escalão) e 23/Abr73 (2º e último escalão), data em que foi colocada no famoso e extenso Campo Militar do Grafanil/arredores de Luanda, passando a integrar o COTI1 (Comando Operacional de Intervenção n.º 1)
*
 Oscar Santos

domingo, 25 de maio de 2014

RETOMANDO O COMBATE...

...ao IN (inimigo) que nos vai na alma...
Sabiam, camaradas de armas: 
- Que é já no próximo dias 14 de junho, no Restaurante Os Morgatões, na EN1, ao km 129, direção Leiria/Pombal, que tem lugar o nosso 39º ENCONTRO ANUAL? Sim, o 39º!
 - Que, este ano, só não festejamos o 40º aniversário do nosso regresso de Angola, porque em Junho de 1974, ainda estávamos em operações militares na zona da Roça Aurora, como o ex-furriel Póvoa, do (meu) 1º grupo de combate, melhor explica em verso?
... 
Na véspera a FAP bombardeia 
A zona onde vamos actuar: 
- "Quimuanza", "Rio Dange". Uma ideia 
Que ainda, Hoje, nos faz pensar: 
- No trilho militar ouve tilintar. 
Pensa, despreocupado, são vidros. 
Vê, apanha...e não vai pelo ar: 
- Algo nos afastou destes perigos!... 
*
 [O Póvoa referia-se a uma granada inimiga armadilhada num trilho da zona. Chamaram-me lá da frente da bicha pirilau (fila indiana) para fazer mais um trabalhinho da minha especialidade. Desmontei-a com toda a calma do mundo, que os Ranger's armados em heróis são mesmo muito estúpidos... 
A imagem de apresentação do vídeo em baixo mostra a tal granada/armadilha, escondida mesmo ao lado do trilho, com um cordão de tropeçar atravessado disfarçadamente no trilho em que seguíamos...
Era quanto bastava para ficarmos sem tomates. A granada era de origem americana e tinha sido oferecida à FNLA pelos canhestros dos USA, tão burros ontem, como hoje].
*
A tal propósito, continua o nosso João Leal Póvoa, no seu extraordinário e muito empenhado trabalho de história poética [Os Furões - C. Art.ª 3564 - Angola 1972/74 - História em Versos, 1999]: 
... 

Chegou o 25 de Abril, 
A "B.T.T." é na"Roça Aurora". 
A guerra irá acabar agora? 
Os sonhos renascem, outra vez mil. 
 E já que a Rádio Oficial 
Nada dizia sobre a MFA, 
Ouvimos "A Voz do MPLA" 
Com as notícias sobre Portugal. 
... 

Mas o ex-Furriel Póvoa, também realizou um excelente vídeo, que em parte editei hoje mesmo no YouToube, vídeo que, neste caso, incide sobre as intervenções  que fizemos por alturas do 25 de Abril.



**


E agora, meus queridos, vamos todos mas é votar prás Europeias...
...Que quem enfrentou e ganhou a guerra, 
Também enfrentará este novo IN.
*
A eles, Grandes Furões!!!
Vamos acertar-lhes no meio dos olhos!!
Dois tiros, dois "turras" da FNLA abatidos!
Lembram-se companheiros, camaradas, irmãos e filhos meus, que vos trouxe todos vivinhos, para agora isto estar entregue à bicharada política?

Dizia o Grande Capitão Salgueiro Maia, o verdadeiro e grande herói do 25 de Abril:
Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!
_____
- texto da autoria e da inteira responsabilidade do ex-alferes miliciano de operações especiais (Ranger) da CART 3564, O. Santos, Comandante do 1º Grupo de Combate (número mecanofráfico: 00524569).